Um calafrio. Vontade de ficar perto. Era assim. Uma troca de olhares e pronto, o pensamento é todo ela, dela, nela. Poucas palavras, a timidez deu as caras, mas eu não me afasto, fico por ali. Ofereço uma bala qualquer e me faço de galã ao entregá-la. Me sinto ridículo, me sinto feliz. As amigas saíram, ela permaneceu. Será que está tão afim quanto eu? Sentamos na calçada, na frente da escola. Olhando pro nada, falando sobre tudo. Quanta inspiração! Quer namorar comigo? – Perguntei de repente. Recebi um sim acanhado, e agora tenho ao meu lado, o sorriso mais bonito da vizinhança. Comprarei flores. Farei poesias. Abraçarei aquele corpo de boneca todo dia. Iremos ao cinema. Passeios no parque. Farei surpresas e daremos aqueles beijos engraçados da sessão da tarde. Não vejo a hora de contar pra galera. – Amor, vamos embora? Amanhã tenho jogo e preciso dormir cedo. – Como assim? – Ela respondeu num tom estranho. – É dia dos namorados! Temos que ficar juntos! – Tudo bem, vem comigo pra assistir ao campeonato! – Reagi com naturalidade – Você é um insensível! Fique com os teus amigos que você ganha mais! – A vi indo embora, num passo acelerado, num clima pesado. Foi nossa primeira briga. Acordei cedo. Bati na porta da sua casa. Corri até o outro quarteirão. Deixei numa caixa enfeitada pela minha irmã, um presente e um cartão. Um pedido de perdão. Um carinho. Era uma caixa de bombons e uma foto minha sozinho. E não cartão eu escrevi um poema delicadinho. Veja esta foto, sou eu, seu namorado. Mas nem tudo nela vai continuar como é. Encontrei teu sorriso, tua perfeita beleza de mulher. Quero outras fotos, mas com você do meu lado. Então recebi uma ligação. Nos falamos bastante. Coisa de namorado e namorada. Ganhei o campeonato, que emoção! E o meu amor torcia por mim na arquibancada. Thiago Grulha